O pinhão é a semente da Araucária e a parte comestível da pinha. É nativo
da região Sul e de algumas áreas do Sudeste do Brasil. Ele é encontrado
mais facilmente entre os meses de março e agosto. Antigamente, o pinhão
era muito consumido pelos indígenas e ainda hoje está bastante presente
em diversas festas típicas do país. Formado pela casca e amêndoa, o
alimento se destaca pelo sabor e a textura diferenciada. Possui
nutrientes importantes para o organismo como fibras, amido resistente,
proteínas e minerais essenciais como ferro, potássio, cálcio, magnésio,
zinco e também vitamina C. Além disso, tem baixo teor de gordura e
sódio.
Em 100 g de pinhão cozido sem sal há cerca de 175 kcal.
Contém também uma quantidade considerável de ômega 6 e 9 e é uma boa
fonte de energia. Pode ser consumido por todas as faixas etárias e é
indicado principalmente para atletas e crianças em fase de crescimento,
devido ao seu aporte calórico. Confira alguns benefícios do pinhão à saúde:
-
Protege o sistema cardiovascular: O pinhão é fonte de potássio. Esse
nutriente está associado a níveis reduzidos de pressão arterial. Isso
porque ele diminui os efeitos do sódio e alivia a tensão das paredes dos
vasos sanguíneos, o que contribui para controlar a hipertensão. Em 100 g
de pinhão há 727 mg de potássio. Além disso, possui ômega 6 e 9, que
reduzem o colesterol considerado "ruim" do organismo. Ambas as condições
de saúde são fatores de risco para as doenças cardiovasculares.
-Contribui
com a saciedade: Esse benefício ocorre por causa das fibras, que ao
serem ingeridas formam um tipo de gel no estômago e atrasa o
esvaziamento do órgão. Além de promover uma absorção mais gradativa dos
nutrientes, o que prolonga a sensação de saciedade. O pinhão possui
também o ácido pinoleico, que atua na supressão da fome. Em 100 g do
alimento há cerca de 10 g de fibras. Por possuir amido resistente,
juntamente às fibras, o pinhão apresenta um baixo índice glicêmico, ou
seja, não eleva a glicemia rapidamente. É uma opção saudável para quem
tem diabetes porque contém fibras, gorduras boas e aminoácidos que
contribuem para evitar os picos glicêmicos no sangue.
-Faz bem
para o cérebro: O pinhão é fonte de vitaminas do complexo B, o que
contribui para o bom funcionamento cerebral. Por isso, o consumo regular
auxilia no raciocínio e na memória. Possui também potássio e fósforo,
minerais importantes para o cérebro.
-Regula o
intestino: Mais uma vez as fibras são responsáveis por esse benefício e
ajudam a prevenir problemas intestinais como a prisão de ventre. Isso
porque a ingestão diária de fibras melhora o funcionamento do intestino
ao reter uma quantidade maior de água. Como resultado, o organismo passa
a produzir fezes mais macias e com mais volume, o que facilita a
eliminação.
-É aliado da visão: O pinhão faz bem para os olhos,
pois contém luteína, um antioxidante importante que evitar a degeneração
macular pela idade e diminui os riscos de catarata. E por ter diversas
propriedades antioxidantes em sua composição ajuda a eliminar os
radicais livres do organismo que causam doenças como câncer e previne
também o envelhecimento precoce.
-Indicado para quem tem anemia:
O pinhão tem pequenas quantidades de ferro e cobre. O ferro é um
mineral importante na prevenção de anemia; já o cobre ajuda na sua
absorção. Por isso, essa semente pode ser uma excelente opção de lanche
para pessoas com anemia por deficiência de ferro.
-Aumenta a
imunidade: Consumir pinhão fortalece o organismo contra doenças como
gripes e resfriados. Isso porque ele conta com a presença da vitamina C,
que é um antioxidante importante para aumentar a imunidade. Em 100 g do
pinhão cozido sem sal há 27,7 mg do nutriente.
O pinhão é
consumido cozido ou assado na brasa, mas pode ser adicionado a diversas
receitas culinárias. Na forma de farinha substitui a de trigo e faz
parte de preparações como pães, bolos e biscoitos. Para isso, basta
triturar o alimento em um processador. É uma boa opção para pessoas com
doença celíaca, já que não possui glúten. Para quem gosta de variar, é
possível inovar na cozinha acrescentando o pinhão em receitas com arroz,
batatas, carnes, camarão, massas, farofas e peixes. Vale experimentar
em saladas, sopas, yakisobas e receitas doces como cheesecake, brownie,
bombons, paçocas, pudins e pavês. Pode também ser servido como petisco
com um pouco de sal, orégano e pimenta do reino.
Destaca-se que
durante o cozimento em água parte dos compostos bioativos da casca
migram para a semente. Por isso, a semente cozida tem uma coloração
marrom. E a água do cozimento também pode ser reaproveitada e usada em
caldos, por exemplo.
Riscos e contraindicações:
Não é
recomendado o consumo dessa semente crua, pois pode ser tóxica para o
organismo. O ideal é cozinhar de 30 a 40 minutos em uma panela de
pressão com um pouco de água e sal e depois de esfriar retirar a casca
para consumir. Pessoas que precisam moderar o consumo de carboidratos
devem estar atentas, pois o pinhão é rico nesse nutriente. É importante
também evitar consumir na mesma refeição com outros tipos de
carboidratos como macarrão ou pão, principalmente à noite. Para se ter
uma ideia, em 100 g de pinhão há cerca de 43 g de carboidratos. Para
quem possui uma doença renal crônica e estiver com potássio alto no
sangue é importante consumir com moderação e buscar uma orientação
médica e nutricional sobre a quantidade adequada de pinhão a ser
consumida. Por ser calórico, quem quer emagrecer deve ficar atento, pois
em excesso provoca ganho de peso.
(Esta matéria é informativa e não substitui o trabalho de um especialista. Consulte sempre seu médico).
domingo, 15 de agosto de 2021
A cama dos Pais (Rita Ferro Rodrigues)
“A cama dos pais tem um ímã e cá para mim (ninguém me convence do contrário) tem uma
magia soporífera, um misterioso pó de amor impregnado nas almofadas, que
faz com que os filhos adormeçam imediatamente e que o pior dos
pesadelos, o mais trepidante terror noturno, fuja a sete pés.
Na cama dos pais, o último refúgio dos medos, a paz é absoluta e total.
Ali chegam, levados por pais extenuados e vencidos, ou pelo seu próprio pé, transpirados e assustados, passarinhos a voar de noite aos encontrões pelos corredores da casa, até chegarem ao lugar dos lugares. Dois colos com lençóis macios e o cheiro dos progenitores. Caem que nem toldos a dormir, apaziguados. Os pais fingem que se importam, na manhã seguinte: Lá foste tu para a nossa cama! Quando é que aprendes a ultrapassar os medos e a dormir sozinho? Tens de crescer! Mas nem olham muito nos olhos dos filhos quando dizem estas coisas, com medo de que eles descubram que naquele breve regresso ao ninho, ao berço inicial, os pais se enchem de amor e ternura e também eles se confortam nas suas inquietações.
Um pescoço morno. Uma mãozinha gorducha no nosso cabelo. Um pé de regresso à costela da mãe. A respiração tranquila na fronha partilhada.
O desejo secreto de que o ninho fique assim para sempre. E que a manhã demore muito a chegar.
Que o misterioso pó de amor das almofadas preserve para sempre estas excursões noturnas de mimo que não são mais do que um inteligente prenúncio, de uma saudade imensa, dos melhores dias desta vida.”
Texto de Rita Ferro Rodrigues.
Na cama dos pais, o último refúgio dos medos, a paz é absoluta e total.
Ali chegam, levados por pais extenuados e vencidos, ou pelo seu próprio pé, transpirados e assustados, passarinhos a voar de noite aos encontrões pelos corredores da casa, até chegarem ao lugar dos lugares. Dois colos com lençóis macios e o cheiro dos progenitores. Caem que nem toldos a dormir, apaziguados. Os pais fingem que se importam, na manhã seguinte: Lá foste tu para a nossa cama! Quando é que aprendes a ultrapassar os medos e a dormir sozinho? Tens de crescer! Mas nem olham muito nos olhos dos filhos quando dizem estas coisas, com medo de que eles descubram que naquele breve regresso ao ninho, ao berço inicial, os pais se enchem de amor e ternura e também eles se confortam nas suas inquietações.
Um pescoço morno. Uma mãozinha gorducha no nosso cabelo. Um pé de regresso à costela da mãe. A respiração tranquila na fronha partilhada.
O desejo secreto de que o ninho fique assim para sempre. E que a manhã demore muito a chegar.
Que o misterioso pó de amor das almofadas preserve para sempre estas excursões noturnas de mimo que não são mais do que um inteligente prenúncio, de uma saudade imensa, dos melhores dias desta vida.”
Texto de Rita Ferro Rodrigues.
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