Eu chorei ao assistir!
A catarinense Daiana Pereira, de 26 anos, realizou há pouco
tempo um sonho que quase todos os médicos diziam ser impossível. Ela
presenciou o momento em que sua filha Nicolly, de 2 anos e cega desde o
nascimento, enxergou pela primeira vez após uma cirurgia nos Estados
Unidos (veja no vídeo acima). O procedimento só ocorreu graças à ajuda
de milhares de pessoas que se mobilizaram nas redes sociais para ajudar
Nicolly, conta Daiana.
A menina, que vive em Piçarras, no Litoral Norte catarinense, passou por
uma cirurgia em um hospital de Miami, no dia 17 de março. “No dia
seguinte, voltamos ao hospital. Ela estava nervosa por conta dos fios,
não gosta de ficar presa. Ela chorava um pouco na hora de tirar os
tampões dos olhos, mas assim que tirou foi visível que ela estava
enxergando”, conta a mãe. Veja o vídeo que mostra o momento em que os
tampões são retirados.
“Ela olhou tudo ao redor, na sala do hospital. A gente colocou um brinquedo e
ela pegou, depois um pacote de lenços”, lembra Daiana, emocionada.
A mãe recorda das primeiras palavras da médica: “My god”. “Quando ela viu
Nicolly, assim que chegamos do Brasil, achou que tinha cometido um erro
de levá-la para os Estados Unidos, o caso de Nicolly era muito grave.
Mas não contou pra gente na hora”.
Risco de perder os olhos
Nicolly nasceu com uma forma agressiva de glaucoma congênito. Por causa da
elevada pressão intraocular, corria o risco, além da cegueira, de
precisar ter os olhos retirados. “O glaucoma dela não tinha controle.”
Além disso, descobriu-se depois que Nicolly também não ouvia. Ela também
enfrentava problemas renais.
Com nove dias de vida, a menina passou por uma cirurgia. Foi a primeira de
sete operações às quais foi submetida no Brasil, das quais saía sem
qualquer esperança de melhora.
Quando Nicolly nasceu, Daiana e o marido Alexandre levavam uma vida de classe
média relativamente tranquila. Ela trabalhava como operadora de máquinas
e ele, como motorista. Com a chegada de Nicolly, a família começou a
gastar o que tinha e o que não tinha com os tratamentos da menina.
Campanha na internet
Com
os recursos arrecadados, a família se mudou para Sorocaba, no interior
de São Paulo, para buscar outras opções de tratamento. “Eu e meu marido
fomos trabalhar no lava-jato de uma amiga, quando não estávamos com a
Nicolly nos hospitais”. Em uma das viagens, acabaram batendo o carro,
que acabou sendo vendido para custear o tratamento.
“Muita
gente achava que ela nunca enxergaria, mas nunca duvidei. Ficava até
sem o que comer para pagar um exame que ela precisava. Às vezes eu
entrava confiante no consultório e saía arrasada, mas ela dava um
sorriso e toda decepção acabava naquele sorriso dela”.
A
mobilização na internet cresceu e despertou o interesse de uma
internauta que vive nos Estados Unidos, fala português e cuja mãe também
é portadora de glaucoma. A jovem decidiu pesquisar hospitais que
pudessem fazer uma cirurgia para tentar salvar a visão de Nicolly.
Viagem para os EUA
“Uma
fundação de um hospital Miami se interessou pelo caso dela e decidiu
ajudar. Ganhamos as passagens, a hospedagem e a cirurgia”, conta Daiana.
Mas ainda eram necessários US$ 17,5 mil para cobrir outros custos
hospitalares. Mais uma vez uma campanha foi lançada, e em pouco tempo
Daiana e Nicolly embarcavam para os Estados Unidos para a cirurgia de
três horas que, além da visão, devolveria à menina também a audição.
No
início desta semana, a família voltou para Santa Catarina. Nicolly, que
não enxergava nada, apenas pontos de luz com o olho direito, agora
enxerga melhor até com o esquerdo, que era considerado praticamente
perdido, conta Daiana.
Vida nova, agora de óculos
A
visão da criança está longe de ser 100%, mas a família considera que o
que aconteceu foi um “milagre”. “Ela está usando óculos com 5 graus
cada. Está escutando, antes da cirurgia falava meio embaralhado, agora
repete tudo, até canta em inglês com as musiquinhas dos brinquedos que
ganhou nos Estados Unidos”, diz Daiana. “Ela escuta até seta de carro, é
engraçado”.
Daiana
ainda não sabe como o será o futuro. Talvez voltem para Sorocaba, onde
há mais recursos do que na cidade onde vivem. Nicolly ainda não anda, e a
fisioterapia poderá ajudar nos movimentos.
“Antes
de a Ni nascer eu não sabia o que era glaucoma. Fui pesquisar e as
pessoas dizem que as dores são muito fortes. Mas eu nunca vi ela
reclamar. Quando chegamos a pressão no olho estava a 50 e ela sorria”,
diz a mãe, antes de resumir: “A guerreira é ela”.
Fonte: Domingo Espetacular - Rede Record. Fato ocorrido no ano de 2016.
Deixe o primeiro comentário